sexta-feira, 8 de maio de 2009

VIVENDO INTENSAMENTE

“Viva cada minuto da sua vida como se fosse o último” diz uma das frases que mais tenho visto as pessoas repetirem como sendo um mantra de felicidade e sinônimo de ter uma vida plena e intensa. Quem levar a sério o que preconiza esta frase terá, ao fim da sua vida, errado todos os minutos da sua existência menos um. Como acredito na inteligência das pessoas, certamente a frase acima não é levada a sério por ninguém, funciona mais como um desabafo ou um grito de liberdade perante os grilhões de responsabilidades e infortúnios que a vida teima em nos colocar.

Uma outra abordagem que podemos dar a essa frase é a lembrança que ela nos traz ao saber que efetivamente haverá um último minuto na nossa vida. Todos sabemos que morreremos algum dia, mas quem efetivamente pauta a sua vida com base nesta verdade? A indústria cinematográfica é fértil em produzir obras cujo tema é a mudança dos personagens perante o conhecimento de uma morte eminente. Turrões e avarentos viram bondosos e espirituais, mulherengos passam a procurar o amor verdadeiro, e tem até os que listam o que precisam fazer antes de morrer. A lição que tentam nos passar é: “porque esperar saber que vamos morrer em breve para sermos pessoas melhores?” Infelizmente a grande maioria das pessoas, que se emociona e questiona as suas prioridades com estes filmes, volta às suas rotinas e a viver exatamente da mesma maneira como o fazia antes.

Agora vem a parte em que você não vai concordar comigo. Se alguma vez você adotou a frase acima como palavra de ordem, ou se emocionou com um desses filmes de hollywood repensando a sua vida, mas depois nada mudou, então você faz parte das pessoas que não vive intensamente. A sua vida precisa de uma mudança efetiva para poder ser chamada de plena.

Tomamos conciência de que a nossa vida não está sendo vivida na sua plenitude quando vemos que há um rol imenso de coisas que ainda não realizamos. Algumas destas coisas são de responsabilidade exclusivamente nossa. Perder peso por exemplo (a não ser que seja um problema hormonal, claro). Todos sabemos a fórmula para emagrecer: “gastar mais calorias do que ingerimos” mas colocar isto em prática no dia a dia torna-se um desafio imenso. As desculpas que inventamos não são nem originais, vão desde dizer que não há tempo para praticar atividade física, até o famoso regime que começará sempre na próxima segunda. Por falar em falta de tempo para “malhar”, saibam que essa desculpa caiu por água abaixo depois que o Obama declarou que mesmo em campanha para presidente ele não abria mão de sua atividade física diária. Sem querer fazer pouco dos seus compromissos, é pouco provável que você tenha uma agenda tão comprometida como a de um candidato (vencedor) a presidente dos Estados Unidos. Como fazer então? Simples e complicado ao mesmo tempo. Um dos problemas é a nossa ansiedade, queremos resultados rápidos e a nossa vida exige processos de maturação lenta: Cursar uma faculdade, aprender um idioma, ter um encarreiramento bem sucedido, perder peso, etc. São todas coisas impossíveis de serem alcançadas somente porque foram apontadas como metas a serem conseguidas. Precisamos de atitudes repetidas por várias vezes até atingirmos o alvo, precisamos de disciplina algo que só de pensar já cansa e aborrece. Se queremos resultados rápidos e imediatos pensemos então em metas rápidas e imediatas, deixemos as metas de longo prazo para o longo prazo. No caso de perda de peso a sua meta será não exagerar no seu almoço de hoje, não assaltar a geladeira esta noite, não comer esse biscoitinho agora, e fazer a sua caminhada ainda antes de deitar. Avalie-se segundo as suas metas de hoje antes de dormir e sinta-se um vencedor se as conseguiu cumprir, e sorry, sinta-se um fracassado caso tenha falhado. Comece tudo de novo no dia seguinte, mas não fique paranóico, deixe um dia na semana como prémio, ou então prepare-se para aquela festa que promete e chute o balde sem dor na conciência. Esqueça a sua meta do mês, da semana, a sua meta é a de hoje, melhor a de agora, a deste segundo, a sua batalha se dá a cada momento que você precisa escolher entre sucumbir ou vencer, é tudo que interessa. E a cada segundo que você vencer vibre, a cada segundo que você falhar sinta-se um fracassado. Mas lembre que esta noite tem uma contabilidade própria a ser feita e que ainda pode recuperar o seu dia e torná-lo vitorioso, comece tudo de novo. Este processo levará intensidade para sua vida, acredite.

Um outro ponto é a respeito de nossos problemas que acreditamos que nos impedem de levar uma vida plena. Como ter uma vida plena se há falta de grana ou de um amor verdadeiro? Como viver plenamente se temos que lidar com doenças ou tragédias familiares? Se este fosse o último minuto da nossa vida eles não teriam mais importância, certo? Esta é uma das razões do desabafo da frase acima, e este grito de liberdade é o que denuncia que na sua vida falta plenitude. Plenitude de entendimento. Problemas são parte integrante da nossa vida, eles já vem com o pacote quando desembarcamos nesta Terra. Desejar que não existam, significa querer brincar de Deus e dizer como poderíamos fazer um mundo melhor. Bobagem, problemas não são para serem analisados transcedentalmente, são para serem resolvidos. Dos problemas que você tem atualmente uma grande maioria são resultados das suas próprias ações e decisões. Então, se você soube como criá-los, deve saber também com o eliminá-los. Talvez não goste da resposta, mas removê-los está ao seu alcance. Então pare de reclamar deles e passe a reclamar de você mesmo. Mais uma vez, não é decidindo resolver os problemas que eles se resolvem, é AGINDO, não diga que já resolveu tomar uma atitude, contabilize resultados e não intenções. Restam aqueles problemas originários do infortúnio, uma bala perdida num familiar, por exemplo. Dependendo da proximidade do familiar isto pode mudar toda a sua vida, e embora saibamos que fatalidades acontecem ninguém está preparado para isto. Uma vez a tragédia instalada o que fazer é uma decisão sua. No Rio de Janeiro, os pais de uma jovem assassinada por uma bala perdida no metrô decidiram fundar uma ONG e iniciar uma campanha em prol da paz que mobiliza milhares de pessoas. Quando há famílias atingidas por tragédias similares a que eles passaram fazem questão de ir prestar solidariedade. Poderiam ser mais um casal deprimido e revoltado com o destino, ao invés disso decidiram contribuir positivamente com a sociedade, e levar um vida intensa em homegem a sua filha. Pois é, mesmo diante de um infortúnio, a possibilidade de uma vida intensa e plena ainda é uma decisão sua, decisão que precisa ser colocada em prática e renovada a cada minuto da sua existência, até chegar ao último.

APOLO.