quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Pare O Mundo Que Quero Descer.... (Silvio Brito)

Oh! Oh! Oh! Seu Moço!
Do disco voador
Me leve com você
Pra onde você for
Oh! Oh! Oh! Seu Moço!
Mas não me deixe aqui
Enquanto eu sei que tem
Tanta estrela por ai...
- Disco voador - (Raul Seixas)

Recebi por e-mail a trasncrição de entrevista dada a um semanário por um famoso psiquiatra, li e confesso que a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi o título desta postagem. Uma única frase nos dá o tom da entrevista: “As pessoas que estão casadas e são felizes são uma minoria. Com base nos atendimentos que faço e nas pessoas que conheço, não passam de 5%. A imensa maioria é a dos mal casados”. Quando vejo uma afirmação dessas eu não posso deixar de lembrar do livro “Freakonomics”, do economista Steven Levitt, um especialista em apontar bobagens de “especialistas” como o nosso psiquiatra entrevistado. Preste bastante atenção na frase do doutor “com base nos atendimentos...” depois ele conclui que somente 5% dos casamentos são felizes. A lógica usada por ele seria a mesma de um bombeiro ao dizer que “com base nos atendimentos que ele faz 95% das casas pegam fogo”. Será que ele não reparou que as pessoas que o procuram são as que JÁ têm problemas e querer concluir com base nesse universo é uma generalização que não suporta qualquer rigor científico? Só por ai da para perceber que as “conclusões” deste médico são, digamos, um pouco “tendenciosas”. Querem ver? Continuemos. “Quase todos os casamentos hoje são assim.... O primeiro reclama muito e, assim, recebe muito mais do que dá. O segundo tem baixa auto-estima e está sempre disposto a servir o outro... De um jeito ou de outro, o generoso sempre precisa fazer concessões para agradar o egoísta, ou não brigar com ele. Em nome do amor, deixam sua individualidade em segundo plano. E a felicidade vai junto.” Resumindo, para um casamento dar certo ou você entra num relacionamento sado masoquista ou está fadado ao fracasso.

Casamento, namoro, relacionamento entre duas pessoas opostas é “junção de neuroses” explicou-me uma amiga psicóloga e certamente você conhece alguns casais assim, mas isto não quer dizer que a grande maioria dos relacionamentos seja dessa forma. Seria ingênuo desconhecer o grande número de separações que poderiam ser evitadas se as pessoas tivessem noção prévia do que esperar de um casamento. Casar não é um objetivo de vida, viver casado sim. Pessoas normais procuram “complementos" não “opostos”. Veja assim, um pé direito é bem parecido com o pé esquerdo de um par de sapatos, mas eles não são exatamente iguais. Pessoas maduras querem achar o seu par, não o seu oponente.

O nosso “especialista” vomita uma série de conselhos para os jovens: “É preciso que o jovem entenda que o amor romântico, apesar de aparecer o tempo todo nos filmes, romances e novelas, está com os dias contados... Segundo esse ideal, duas pessoas que se amam devem estar juntas em todos os seus momentos livres, o que é uma afronta à individualidade” Qualquer pessoa um pouco mais esclarecida sabe que argumentações com palavras como “todos”, “nenhum”, “sempre” ou “nunca” são generalizações de quem quer forçar a aceitação de uma linha de pensamento. Quem disse que ser romântico é querer passar TODOS os momentos livres juntos? Romântico é sentir-se feliz quando você passa momentos juntos, quando isso vai ser, depende das circunstâncias de vida de cada casal. Procuram-se esses momentos e quando não dá, paciência, saboreiam-se os momentos que já têm se passado junto e sonha-se, com um sorriso nos lábios, os momentos que ainda irão passar juntos. Quer coisa mais romântica do que essa? Claro que se uma das partes não faz a menor questão de que estes momentos aconteçam criando outros “compromissos” com assiduidade, alguma coisa está errada. O mais provável é que o casal já tenha deixado de ser um casal há algum tempo, o problema não é de preservação de individualidade e sim de não querer cultivar a vida a dois, que a princípio deveria ser uma das motivações de duas pessoas que curtem ficarem juntas, independente das circunstâncias.

Mas isto tudo é só a minha opinião, a minha maneira de ver e de tentar viver a minha vida, eu não sou “especialista”, portanto corro o sério risco de estar errado e o psiquiatra entrevistado estar certo. Se isto for verdade, então, volte ao título desta postagem.

APOLO.

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