segunda-feira, 13 de outubro de 2008

VERDADES QUE APRISIONAM, MENTIRAS QUE LIBERTAM

Um dos mais clássicos versos bíblicos diz “a verdade vos libertará” e, como tudo que é tomado fora do contexto, acabou virando desculpa para podermos agir colocando a verdade como o único preceito moral a ser aceito como justo, certo e digno de ser levado em conta para nortear os nossos atos. Se você acha que a verdade está acima de tudo então encontrará aqui uma voz discordante.

De antemão descarto a defesa do falso, da mentira, do engodo. O que questiono é a prevalência da verdade acima de todos os outros objetivos moralmente desejáveis. Ao mesmo tempo advogo pela mentira, pela falsidade como um caminho para construir fortalezas ou diminuir fraquezas nas nossas vidas. Paradoxal? Nem tanto.

Se em alguns momentos a verdade pode ser prejudicial e em outros a mentira pode ser construtiva, como então decidir em que momento escolher por uma ou por outra? Fácil: Pela conseqüência esperada.

Tentarei ilustrar através de um exemplo. Suponhamos que você foi magoado por alguém, suponhamos que essa pessoa tenha agido de maneira leviana contra você e que você tenha conseguido reunir provas da premeditação do ato. Você então tem todas as razões do mundo para estar magoado, isto é uma verdade! A pessoa agiu de má fé contra você, também é verdade! Você não tem a menor intenção de deixar passar isso em branco e os seus sentimentos estão verdadeiramente feridos. Pronto! Você acabou de levantar uma verdadeira prisão de “verdades” ao redor de você mesmo. Cada vez que lembrar o ocorrido não conseguirá andar além das grades de verdades que você levantou. Lamentavelmente poucos são os que percebem que estão presos, muitos chegam a defender as verdades como tesouros que justificam as suas mágoas e rancores. Ponto pacífico que mágoa e rancor não são bons para ninguém. “Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra." (William Shakespeare). Como fazer então para sair desta prisão de verdades? Simples de falar, difícil de fazer: Criando um cenário de mentiras construtivas. Fingindo que não estamos magoados, que efetivamente já perdoamos, que não damos a mínima para o que aconteceu, achando graça do episódio como um todo, etc. Não me peça para explicar como funciona, mas o resultado será que em algum momento o seu alvará de soltura será emitido e você estará fora dessa prisão. Existe uma Lei no Universo que premia tudo aquilo que a gente faz com disciplina e dedicação, por esta Lei aquilo que começou como uma mentira será transformado em verdade e o beneficiado será você.

Os nossos gostos, sentimentos, desejos, as nossas opiniões, etc. tudo isso também pode funcionar como verdades que aprisionam. Mesmo sem lhe conhecer posso garantir que o seu baú de verdades está cheio de argumentos que não permitem você se relacionar melhor com outras pessoas, ou que impediram você de começar aquele regime por tantas vezes adiado. O certo é que se você esperar a vontade de perdoar chegar para perdoar, você nunca perdoará; se você esperar a vontade de comer menos e de malhar chegar, você nunca fará nem uma coisa nem outra. Aprenda a praticar a mentira construtiva, o fingimento que permitirá que as suas metas sejam alcançadas e que o seu dia a dia seja mais alegre, ria quando não tiver vontade e as pessoas verão em você um ser sempre feliz, o resultado? Você será um ser sempre feliz. Duvida? Comece agora a fingir que você não se importa mais com aquilo que o está incomodando, não pare de fingir, continue, continue. Depois me conte se funcionou.

Apolo

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