domingo, 9 de novembro de 2008

O fim do mundo está próximo?

Aquecimento global, desastres climáticos, terremotos mais freqüentes, guerras étnicas, quebra financeira mundial, banalização dos princípios morais, etc. Será que isso tudo nos leva a crer que efetivamente estamos nos últimos dias da história do homem na terra?

A reposta a essa pergunta só pode ser uma destas três: Sim, não ou não sei. Se você é uma pessoa que já tem opinião formada, ótimo! Não tenho a menor intenção de mudá-la. Mais importante do que dizer qual é a minha opinião ou de tentar mudar a sua acredito ser falarmos um pouco sobre o que você está fazendo ao respeito disso.

Se você acredita que sim, por convicções religiosas ou porque se tem como um grande estudioso dos profetas, sinais, estrelas, oráculos, seja lá o que for, legal! Agora pergunto: e daí? De que tem lhe adiantado saber (ou crer) que o fim está próximo? Este conhecimento lhe deu a certeza que no fim você seria resgatado (abduzido, arrebatado, etc.) e levado para outro lugar onde não haveria os problemas que enfrentamos nesta Terra chula e vulgar. Perfeito! Conseguiu paz no seu coração, fez uma esperança virar certeza pelo instrumento da fé, maravilha! Mas, futuros apartes após essa tomada de consciência você acordou no dia seguinte com as mesmas contas para pagar, a obrigação de chegar cedo ao trabalho, os filhos exigindo coisas, o(a) cônjuge pedindo mais atenção, as notícias do jornal falando o mesmo. Esta parte poderia ter até trilha musical do Chico Buarque: “todo dia ela faz tudo sempre igual...”. Seria bom se pudéssemos ir ao banco e dizer ao gerente “olhe ontem eu descobri que o mundo vai acabar logo, portanto não adianta me cobrar aquele empréstimo porque o dinheiro não vai ter mais nenhuma utilidade”. Bom, deu para perceber que mesmo tendo conseguido o alívio de saber que no futuro você será resgatado, no presente não houve nenhum fato que efetivamente mudasse o seu dia a dia. A não ser que você decida virar um arauto do fim dos tempos e passe a viver de doações ou cobre pelas suas palestras, essa mensagem apocalíptica não ajudará a suprir suas necessidades financeiras. A única maneira que eu acredito que a convicção de que o fim está próximo pode lhe ajudar na prática é se você se convencer que as coisas ficarão cada vez mais difíceis e, portanto você precisa trabalhar mais agora, juntar mais recursos agora, criar condições agora de poder sustentar-se quando o Apocalipse se concretizar. Caso você faça parte do grupo de pessoas que acredita que o fim está tão próximo que não precisa se preocupar com o futuro, parabéns! Você faz parte do grupo que um dia estará certo! O problema, é que existe a probabilidade de você não estar presente nesse grupo quando a predição se confirmar e, enquanto isso, a única coisa que você conseguiu dar fim foi ao seu crédito, às suas realizações e a todo o conjunto de experiências gratificantes reprimidas pela falta de uma expectativa de futuro. A sua certeza de que o fim estava próximo vai conseguir dar fim ao seu futuro próximo se você agir como se o futuro não existisse mais.

Caso você acredite que o fim não está próximo e que essa história toda não passa de fanatismo religioso ou de conversa de bruxo esotérico, legal! Também não vou querer aqui que mude de opinião, mas pergunto: e daí? Você já parou para pensar por um momento que existe a remota possibilidade de você estar errado? O problema não é estar errado, o problema é: o que aconteceria com você caso você estiver errado? O raciocino aqui é o mesmo da decisão de jogar roleta russa. A maior probabilidade é de que ao apertar o gatilho o tiro não dispare, o que leva você a não jogar roleta russa não são as chances de ganhar mais sim a conseqüência de estar errado. Por esta lógica, não importa o quanto você está preocupado hoje com o seu dia a dia, a melhor coisa que você tem a fazer é começar a tomar atitudes preventivas que aliviem a sua barra num suposto julgamento final. Quanto mais altruísta e amoroso com os outros você for agora, melhor condição constrói para si no futuro improvável e o que é melhor: começa a ser uma pessoa melhor agora. As suas contas continuarão sendo pagas já que você continuará sendo uma pessoa lógica e racional, focada em resolver os seus problemas atuais, manter a sua reputação de bom pagador, etc. A única diferença é que ao tentar marcar pontos para o futuro tendo atitudes menos egoístas e mais compreensivas com os outros passará desde já a ser uma pessoa mais amada e com benefícios para sua alma. Você pode estar pensando: “Eu não acredito em fim do mundo, mas ao mesmo tempo eu já tento ser amoroso(a) e compreensivo(a) com os outros, tenho até religião, mas a minha religião não acredita em fim do mundo, então nada disso se encaixa em mim”. A não ser que a sua religião proíba acesso a outros livros recomendo que leia um pouco sobre o que se apregoa serem sinais do fim dos tempos e faça uma checagem com o cenário atual, no mínimo as suas convicções serão abaladas, garanto.

Se a sua resposta à pergunta inicial (se acredita estarmos no fim do mundo) foi “não sei”, permita-me dar-lhe um conselho: Procure saber, forme opinião ao respeito e igual a jogo de tabuleiro depois volte duas casas se a sua opinião for “sim acredito” ou então somente uma casa se a sua resposta for negativa. Tem muita coisa acontecendo por aí para você ficar fora dessa.

APOLO

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